atmATM significa Articulação têmporo-mandibular. Ela é a articulação que permite o movimento de abrir e fechar a boca, engolir, falar. Existem duas ATMs: uma do lado direito e outra do lado esquerdo, em frente a cada ouvido. Cada vez que se fala, mastiga ou deglute, a ATM se movimenta.

Observe o movimento ao abrir a boca, você está usando suas articulações. Ponha seus dedos à frente do ouvido, abra e feche a boca, ou fale: você sentirá o movimento da ATM.

O disco articular é um tecido similar ao menisco do joelho. O disco fica dentro da articulação (em azul) e serve como um amortecedor, entre os ossos do crânio e da mandíbula (côndilo).

O que é  ” DTM ”  (disfunção têmporo-mandibular)?

É a alteração da ATM, ou seja, é o funcionamento anormal desta articulação, dos músculos da mastigação, ligamentos e ossos maxilar-mandíbula, dentes e estruturas de suporte dentário.

A DTM (Desordem Têmporo-mandibular) também é chamada de Disfunção de ATM,  Síndrome da Dor Miofascial ou Síndrome de Costen.

As DTMs podem manifestar-se através de um estalo (click) na articulação, desconforto moderado na frente do ouvido, dor de cabeça, dor de ouvido e/ou zumbidos, dor ou cansaço dos músculos da mastigação, ruídos articulares (estalos ou crepitação), dificuldade para abrir a boca ou dor acentuada.

Por quê os problemas de ATM podem causar dor de cabeça?

As dores de cabeça provenientes das alterações da ATM, em geral são dores musculares,  dores nos músculos que envolvem a cabeça. Estas dorem musculares na região da cabeça e do pescoço podem ser causadas por posições erradas de postura, má-oclusão (mordida errada), apertamento e/ou ranger de dentes, estresse.

Por quê os problemas de ATM podem causar dor de ouvido?

A proximidade entre a articulação e o ouvido pode ocasionalmente confundir o paciente sobre o local de origem da dor. Na realidade, a dor de ouvido é diferente da dor de ATM.

Como diagnóstico diferencial, as disfunções da ATM não manifestam febre, não eliminam secreção pelos ouvidos e não são acompanhadas por quadros infecciosos das vias aéreas superiores.

Existe relação entre dentes e ATM?

Sim. A mordida errada (má-oclusão) é uma das causas mais comuns de alterações na ATM.

Causas mais frequentes das alterações na ATM

Má oclusão (“mordida errada”)

Há vários tipos de má oclusão e o ortodontista poderá fazer o diagnóstico correto sobre a oclusão. Os indivíduos que apresentam algum tipo de má oclusão têm predisposição para problemas de ATM.

Traumatismos (batida forte, acidentes)

De acordo com estatística publicada no Journal of the American Dental Association, os traumatismos (pancadas) são responsáveis por mais de 44% dos problemas de ATM. (JADA 1990; 120:267)

Hábitos

Alguns hábitos podem causar pressões inadequadas na ATM, como o bruxismo Ranger os dentes), apertamento (tensão), morder objetos estranhos, roer unhas, mastigar chicletes. A persistência destes microtraumatismos leva a lesões degenerativas da articulação.

Aceleração/desaceleração cervical (Whiplash)

Frequentemente relacionado a acidentes de carro (geralmente em batidas por trás), o brusco movimento da cabeça causa estiramento e compressão dos componentes da ATM, podendo danificá-la.

Abertura excessiva da boca

Todas as articulações do corpo têm limitações de movimento. Quando a boca é mantida aberta de modo exagerado, poderá haver danos à articulação.

Lassidão Ligamentar

Algumas pessoas possuem todos os ligamentos das articulações relativamento frouxos, com hipermobilidade (provavelmente por questões genéticas). A lassidão ligamentar em sí não apresenta problema; no entanto, sua associação com outros fatores predisponentes pode levar a alterações na ATM.

A disfunção da ATM também pode estar relacionada a:

  • alterações sistêmicas (atrite reumatóide, etc)
  • postura errada
  • estresse físico e psicológico
  • alterações hormonais (por exemplo: menopausa)
  • depressão e ansiedade

Qual a prevalência das alterações de ATM na população?

Estudos epidemiológicos mostram que cerca de 75% das pessoas apresentam pelo menos um sinal de DTM e que 33% apresentam dor na face ou dor articular.

No Brasil, estima-se que 8 milhões de indivíduos tenham algum grau de DTM e destes, 90% são mulheres, ou seja, para cada homem com problema articular, há 9 mulheres. Tenta-se explicar esta alta incidência devido ao fato da mulher estar exposta ao estresse emocional, às mudanças hormonais durante o ciclo menstrual e durante a gravidez.

A idade mais acometida é em torno dos 30 anos. Os sinais e sintomas da alteração da ATM aumentam de freqüência e severidade entre os 20 e 40 anos de idade. A maior parte da população de 3.420 indivíduos com DTM tinham idade entre 15 e 45 anos (média de 32,9 anos). (Howard,1990)

Apenas 5% da população tem buscado algum tipo de tratamento para o seu problema, talvez pela falta de profissionais habilitados ou devido ao diagnóstico errado.

Os sintomas mais comuns são:

  • dor facial
  • dor no pescoço, ombros e/ou costas
  • dor nas articulações ou na face, ao abrir ou fechar a boca (mastigar, bocejar)
  • enxaquecas (tipo tensão)
  • inchaço ao lado da boca e/ou face
  • mordida “fora de lugar” ou instável
  • desvio da mandíbula para um lado
  • ruídos na articulação, dor de ouvido
  • Surdez momentânea, zumbido

Diagnóstico

O diagnóstico da DTM está baseado em vários sintomas. Geralmente o profissional faz perguntas ao paciente em busca de informações sobre hábitos, tipo e local da dor, etc, e realiza palpação dos músculos da cabeça e pescoço. Na maioria das vezes são necessários exames para auxiliar no diagnóstico. Entre os exames, os mais comuns são:

Radiografias (panorâmica, transcraniana) – são relativamente baratas, porém mostram apenas a estrutura óssea da articulação.

Tomografia linear e computadorizada РMostram mais detalhes, por̩m o custo ̩ alto.

Ressonância Magnética – produz imagens detalhadas e precisas da articulação, não é usada radiação. É considerado o melhor exame para avaliar a ATM  mas os custos são muito altos.

Técnicas para aliviar a dor

Calor úmido: o calor reduz a inflamação e melhora a função. Use uma bolsa de água morna ou uma toalha morna embrulhada ao redor do rosto;

Gelo: o gelo tem o mesmo efeito que o calor e também aumenta o fluxo de sangue, promovendo relaxamento muscular. Embrulhe a bolsa de gelo em um pano e coloque no rosto por um máximo de 10 minutos, cuidando para não danificar sua pele;

Dieta macia: alimentos mais macios temporariamente podem ajudar. Evite alimentos duros e não mastigue chicletes;

Analgésicos: converse com seu dentista antes de tomar qualquer medicamento;

Exercícios mandibulares: excercitar a mandíbula, abrir e fechar lentamente sua boca, mover a mandíbula para os lados; isto às vezes melhora a mobilidade. Exercícios que causem dor devem ser descontinuados;

Técnicas de relaxamento: há evidências que técnicas de relaxamento diminuem o sofrimento em casos de dor crônica. Respire lenta e profundamente.

Tratamento

Há várias opções de tratamento. Estes são os cuidados mais comuns durante o tratamento:

  • educação do paciente, auto-cuidado
  • modificação do comportamento, cuidados com o estresse, ansiedade
  • medicamentos, fisioterapia
  • placa miorrelaxante
  • melhora na oclusão (mordida) – ortodontia, próteses, etc
  • cirurgia (em casos específicos)

Os objetivos do tratamento são:

  • reduzir a dor
  • restabelecer função mandibular confortável
  • restabelecer o padrão de vida normal, o mais rápido possível.

Como eu posso saber se preciso tratamento?

Este teste simples e rápido poderá ajudá-lo a responder esta pergunta:

Questionário de dor articular e alteração da ATM
(responda com Sim, Às vezes ou Não)

  1. Sente dificuldade para abrir bem a boca?
  2. Sente dificuldade para movimentar sua mandíbula para os lados?
  3. Tem cansaço/dor muscular quando mastiga?
  4. Sente dores de cabeça com frequência?
  5. Sente dor na nuca ou torcicolo?
  6. Tem dor de ouvido ou nas regiões das articulações?
  7. Já observou se tem algum hábito de apertar e/ou ranger dentes?
  8. Sente que seus dentes não se encaixam bem?
  9. Você se considera uma pessoa tensa/nervosa?

Instruções

Some os pontos:  Sim = 3 pontos;  Às vezes = 2 pontos; Não = 0

  • De 19 – 30 pontos: É provável que você tenha desordens temporo-mandibulares
  • De 13 – 18 pontos: Você está com condições clínicas favoráveis para ter desordens temporo-mandibulares
  • De 6 – 12 pontos: Você está com fatores que podem desencadear desordens temporo-mandibulares
  • De 0 a 5 pontos: Não se preocupe, você tem poucas chances de ter alterações na ATM.

Obs.: Este teste não caracteriza um atendimento profissional. Para uma avaliação completa e segura, consulte um especialista.

Como prevenir alterações na ATM?

O ideal é realizar o exame da oclusão e da palpação da ATM sempre que for ao dentista. Quanto mais rápido o distúrbio for detectado, mais simples é a cura. As mães devem desde cedo evitar a perda dentária dos filhos e prestar atenção nos hábitos incorretos como chupar dedos, chupetas, morder objetos, lábios ou língua, respirar pela boca, etc. O uso de aparelhos ortodônticos preventivos e corretivos também são fundamentais na hora certa, seguidos de um ajuste na oclusão.

A odontologia dos tempos atuais caminha a passos largos e o controle das doenças já é possível para todas as idades.

Quais as consequências do não tratamento?

A  DTM é uma doença que, depois de instalada, é quase sempre progressiva. O que não se consegue determinar com exatidão e a sua velocidade de progressão. Portanto, o ideal é o tratamento assim que for diagnosticada, para proporcionar melhores resultados.

As dores de cabeça podem acometer as crianças?

Também conhecidas como cefaléias, as dores de cabeça não atingem apenas os adultos. Elas também são freqüentes em crianças e podem estar ligadas a sintomas de ansiedade. É o que mostram Maria Ângela Gorayeb e Ricardo Gorayeb, ambos da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, em um estudo que busca identificar a quantidade de crianças, entre 8 e 13 anos, que se queixam de dores de cabeça associadas a sintomas indicativos de ansiedade.

De acordo com o artigo publicado em setembro de 2002 na revista Arquivos de Neuropsiquiatria pelos pesquisadores, participaram da pesquisa 374 estudantes, selecionados em escolas públicas estaduais e municipais de ensino fundamental de Ribeirão Preto.

Conforme respostas obtidas, as crianças foram divididas em três grupos: sem queixa de cefaléia, com queixa freqüente de cefaléia e com pouca queixa de cefaléia. Constatou-se, de acordo com os pesquisadores, que um pouco mais de 45% dos estudantes não apresentou nenhuma queixa de dor de cabeça, 13,5% queixam-se com freqüência e aproximadamente 41% de vez em quando.

Das crianças que disseram ter frequentemente dores de cabeça, a maior parte é de meninas. Com relação aos sintomas de ansiedade, os mais citados foram bruxismo (ação de ranger os dentes durante o sono) e agitação, o que reforça, segundo eles a correlação entre ansiedade e cefaleia.

Eles afirmam ainda que esse estudo aponta para a “necessidade de um atendimento integrado médico-psicológico do paciente infantil com queixa de cefaleia, a fim de solucionar os diferentes aspectos envolvidos na problemática e garantir o melhor prognóstico para cada caso”.

Fonte: Dra Luciana Belomo Yamaguchi